Vacinas da Astrazeneca e da Janssen contra a Covid-19 não serão mais aplicadas
Entenda o que diz o Ministério da Saúde e quais são as recomendações para a atual fase da campanha de imunização
O Ministério da Saúde passou a recomendar que não sejam aplicadas as vacinas Astrazeneca e Janssen na população com menos de 40 anos, caso estejam disponíveis vacinas de outros fabricantes. Pela nota técnica 393/2022, divulgada no final do ano passado ainda sob o governo Jair Bolsonaro, a população abaixo de 40 está mais sujeita a ter reações adversas graves, como trombose, ainda que as ocorrências desse tipo sejam raríssimas.
A nota técnica ressalta que todas as vacinas são seguras, apesar desses raros efeitos colaterais. Desde meados de fevereiro de 2021, países europeus (como Áustria, Dinamarca, Noruega, Alemanha, Reino Unido) e Austrália relataram casos de síndrome de trombose com trombocitopenia (STT) em pessoas que receberam vacinas da AstraZeneca/Oxford e, posteriormente nos Estados Unidos, da Janssen, afirma a nota.
Em alguns países da União Europeia a aplicação da vacina da Astrazeneca foi temporariamente suspensa por precaução. Por essa razão, no mesmo ano, a Organização Mundial da Saúde reportou um sinal de segurança sobre a vacina.
As reações adversas graves relatadas são: trombose de seio venoso cerebral (ou trombose venosa cerebral); trombose de veias intrabdominais; tromboembolismo pulmonar e tromboses arteriais. As tromboses podem acontecer de 0,2 até 3,8 casos a cada 100 mil doses aplicadas.
Porém, como essas reações acontecem raramente, ainda não é possível identificar fatores de risco ligados à síndrome. O único identificado é a tendência de aumento do risco para menores de 40 anos, quando a síndrome pode acontecer em até 6,7 casos em 100 mil doses aplicadas.
O Ministério da Saúde explica que as vacinas deixaram de ser indicadas porque, atualmente, existem vacinas de outros fabricantes com menos riscos. “Entende-se pertinente atualizações das recomendações de vacinação para melhor adequação da relação ‘benefício versus risco’ face a possibilidade de ocorrência de raríssimos casos de reações adversas graves de vacinas de vetor viral”.
Na nota, é ressaltado que quando essas vacinas foram recomendadas para o público menor de 40 anos, o cenário era de alta morbidade e mortalidade por Covid-19. Em 2021, a relação ‘benefício versus risco’ se mostrou favorável à utilização da Astrazeneca e Janssen. “É inegável que as vacinas Covid-19 tiveram grande impacto na redução da morbimortalidade pela doença tendo evitado centenas de milhares de óbitos e internações no Brasil desde a sua introdução”.
Assim, a recomendação do Ministério da Saúde é de que essas vacinas sejam aplicadas na população acima de 40 anos. Em pessoas com idade entre 18 e 39 anos, preferencialmente, devem ser utilizadas vacinas de outros produtores.
As pessoas menores de 40 anos que foram vacinadas com doses da Astrazeneca e Janssen há mais de 30 dias têm poucas chances de ter trombose. Segundo a nota, as reações adversas graves ocorreram, em sua maioria, dentro de um período de 30 dias após a vacinação, mais comumente entre 4 e 30 dias.
Em locais de difícil acesso ou em caso de indisponibilidade de vacinas de outros produtores, as vacinas Astrazeneca e Janssen devem ser aplicadas em pessoas com menos de 40 anos.
Ao JOTA, a assessoria do Ministério da Saúde afirmou que a nota trata somente da recomendação do melhor público para cada tipo de vacina e os procedimentos e acompanhamentos detalhados no documento também são feitos em outros medicamentos, como anticoncepcionais.
A pasta também informou que o acordo de cooperação técnica com Biomanguinhos/Fiocruz para produção de insumos, incluindo a vacina AstraZeneca, segue vigente. “O contrato com a Fiocruz prevê a entrega escalonada de doses, conforme o andamento e a estratégia de vacinação em todo o país. Assim, o quantitativo excedente do contrato poderá ser solicitado junto ao laboratório conforme o planejamento, cronograma e a estratégia de utilização para cada imunizante”, afirmou.
A pasta também reforça que as vacinas são seguras, eficazes e salvam vida, mas reforça suas recomendações. “Atualmente, o Ministério da Saúde recomenda o reforço com a vacina bivalente para o público prioritário — que corre o risco de evoluir para casos graves da doença — como idosos a partir de 60 anos, pessoas que vivem e trabalham em instituições de longa permanência, imunossuprimidos, indígenas, ribeirinhos e quilombolas, gestantes e puérperas, pessoas com deficiência, entre outros. Até o momento, mais de 8 milhões de doses já foram aplicadas”, disse.
“Vale ressaltar que as vacinas monovalentes continuam disponíveis para o público a partir de 6 meses de idade e são igualmente seguras e eficazes para a população”, completou.
Fonte: JOTA